Matheus Garzon
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De segunda à sexta, às 7h, várias crianças chegam ao número 210 da Avenida Comercial de São Sebastião, para passar o dia na Creche Comunitária Monte Moriá. A instituição, que sobrevive há um ano e meio apenas por doações, tenta ajudar as famílias da região, recebendo crianças entre 1 e 4 anos por período integral, para que os pais possam trabalhar tranquilos.
No começo, 20 crianças eram atendidas diariamente. No entanto, a grande procura fez com que esse número triplicasse. “Todos os dias tinham mães aqui procurando vaga. Então, como a demanda era muito grande, a coordenadora foi acolhendo essas crianças e hoje a gente está com 60”, conta Natália Medeiros, 23, que é uma das voluntárias do lugar. Pela manhã ela cuida das crianças e à tarde se encarrega de ligar para vários números no Distrito Federal em busca de contribuições.
Natália diz que as doações são extremamente importantes, já que não há ajuda do Governo do Distrito Federal. “Falta muito ainda porque o gasto com 60 crianças é muito alto. A gente tem custos com alimentação, aluguel do espaço, o salário das estagiárias, cozinheiro, auxiliar de limpeza”, enumera.
Um exemplo da falta de recurso está em uma das salas da creche. “A do maternal 1 cabe 20 crianças, mas só temos 13 cadeiras. Então tem algumas crianças na lista de espera que a gente ainda não chamou”, relata Natália.
A coordenadora do local, Maria do Carmo Martins, 36, reitera as dificuldades enfrentadas. Ela lembra que muitos dos que chegam não têm nem roupa para ir à creche. Foi graças a uma grande doação, feita no ano passado, que foi possível deixar todas as crianças vestidas adequadamente. A importância do lugar na vida dos pequenos vai muito além de ter um lugar para ficar. “Muitas crianças saem daqui hoje e chegam amanhã só com a janta que nós servimos”, destaca.
Auxílio bem-vindo
Maria do Carmo Maciel, 39, por exemplo, é empregada doméstica e até o ano passado não tinha com quem deixar a filha Sofia, 3. O jeito era levar a criança para as casas que ela trabalha e, segundo ela, ficava difícil dar a atenção que a menina precisa. Agora na creche, tudo ficou mais fácil. “É a melhor coisa que me aconteceu”.
Outro caso é de Lorena da Silva, 25, que conseguiu lugar para as duas filhas na Monte Moriá. A tranquilidade que tem hoje ao deixar as filhas no local contrasta com o problema que ela enfrentou quando a licença maternidade dela venceu: não ter onde deixar os filhos. Essa preocupação a fez pedir demissão na época, mas agora pode afirmar: “A creche me tirou do sufoco e pude começar procurar serviço”.
A instituição recebe também filhos de refugiados. Gephterline Severe, 25, veio do Haiti há dois anos com o marido e o filho Guersen Dossous, 3, e guarda muito carinho pela creche, principalmente por tudo que o filho vem desenvolvendo. “Ele aprende muitas coisas. Inclusive não fala criolo (língua do Haiti) mais, só português”. Ela conta que o lugar é essencial para todos que deixam seus filhos ali e que, se a creche fechar, “vai ficar muito ruim para a gente porque nos ajuda muito”.
Colabore
Creche Comunitária Monte Moriá
Avenida Comercial nº 210, São Sebastião
Telefone: 3335-1554
Ajude também depositando qualquer valor na conta corrente:
Banco do Brasil
Agência 4418-0
Conta 22.618-1
CNPJ 27111771/0001-02