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Brasília

Incapacidade

Arquivo Geral

30/08/2016 9h46

Quatro dos principais clubes do futebol brasileiro ocupam, hoje, posições acima da 10ª colocação do Campeonato Brasileiro da Série A. Falo, claro, de São Paulo (11º lugar), Internacional (17º), Cruzeiro (14º) e Botafogo (13º). Com exceção do alvinegro carioca, que já andou pela Segundona e não demonstra, realmente, condições de estruturar-se, apesar de alguns títulos regionais, os outros três jamais foram rebaixados à segunda divisão nacional (não vou entrar, aqui, em discussão de torcedor lembrando fatos complicados do tricolor paulista anos atrás).

Depois de dois títulos nacionais consecutivos, em 2013 e 2014, o Cruzeiro entrou numa espiral de decadência perigosa. Ano passado, por exemplo, já passou por muitos sustos. Salvou-se. Este ano, até outro dia estava com os dois pés fincados no Z-4. A crise era evidente na Toca da Raposa. Um treinador português, com passagem até pela seleção de seu país, acabou demitido. Aparentemente o time acertou o pé e, hoje, já consegue respirar, abrindo dois escassos pontos da área da degola. Coincidência, ou não, está colado no Botafogo – com o detalhe de que o time carioca tem uma partida pendurada, contra o Grêmio, o que pode fazer com que a equipe azul de Minas perca o contato.

As coincidências, porém, não param aí. A ascensão momentânea do Cruzeiro corre ao lado da queda, cruel e vertiginosa, eu diria, de São Paulo e Internacional. Mais do segundo do que do primeiro. Nos dois casos, porém, sente-se a falta de credibilidade dos cartolas.

Vamos começar pelo São Paulo. Ano passado a equipe do Morumbi, que um dia foi exemplo de organização no futebol brasileiro, viveu tensos momentos políticos intramuros. Acusações contra presidente, contra namorada de presidente… Aparentemente limpou-se a área (não se fala mais do dirigente afastado, nem das acusações contra ele) e o time, dentro de campo, acabou conquistando uma inesperada vaga para a Libertadores deste ano. Na competição continental, após uma estreia desastrosa, perdendo para uma equipe boliviana dentro do Morumbi, o São Paulo recuperou-se e foi até a semifinal. Digo, quase sem medo de errar, que não fosse pela tola expulsão de seu zagueiro Maicon teria chegado à final. E aí… Bem, talvez até conseguisse ser campeão.

Só que o time, mais uma vez mergulhado nas lambanças de seus cartolas, vem caindo de rendimento a cada partida. Perdeu, de novo, seu treinador importado para uma seleção (Osório fora para o México, em 2015; Edgardo Bauza foi para a Argentina, este ano), e foi buscar o bom Ricardo Gomes para salvar-se. Só que a torcida não engoliu bem a contratação – e começou a pressionar. Como os resultados estão sendo ruins… A derrota para o Juventude, na Copa do Brasil, dentro de casa, talvez tenha sido o golpe mais duro para a galera, que decidiu, de forma irresponsável, invadir o treinamento da equipe, provocando problemas ainda maiores. Os jogadores, já nervosos, mostram-se cada vez mais intranquilos. O rendimento cai. E o que faz a diretoria? Nada. O presidente chega a dizer que as agressões “foram de pouca monta”, falando em “tapinhas e chutinhos”. Vai mal…

Mal, muito mal, também, está o Internacional. Depois de liderar, com autoridade, o Brasileiro deste ano, nos últimos 14 jogos o Colorado marcou apenas quatro pontos, de quatro empates. Isso mesmo: o ex-líder do Brasileiro dos últimos 42 pontos disputados faturou apenas quatro. E não ganhou um jogo sequer. É claro que o resultado disso só poderia ser a presença do Colorado na zona de rebaixamento. A receita da cartolagem é a de sempre: mudar treinador. Trouxeram Paulo Roberto Falcão, um ídolo do clube nos gramados. Ele não sobreviveu a oito jogos (acho que a memória não me traiu, não).

Veio Celso Roth, também um velho conhecido do clube. Até agora, nenhuma vitória. E, para provar que o problema é muito mais de cabeça do que de bola, em mais de uma oportunidade o Internacional vencia a partida até o finzinho quando… Sofreu um gol. Como aconteceu na noite deste domingo, contra o Sport, em Recife. Nos vestiários, jogadores e treinador apelam para as velhas histórias de que o time está se empenhando, jogando bem, que a qualquer momento a bola vai entrar… Só que, com isso, repito, são 14 partidas sem vencer. São apenas quatro pontos obtidos em 42 disputados – e, olhando mais para trás na classificação, o Internacional vê o Santa Cruz, que também foi líder, cada vez mais preso ao Z-4 (vejam que não estou comparando os dois times, apenas cito mais uma coincidência).

E o que fazem os incapazes cartolas? Se escondem. Mudam treinadores. Prometem contratar. Dispensam. Demonstram, cada vez mais, sua incapacidade. E os torcedores…

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