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Histórias da Bola
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O GENTLEMAN MIMI SODRÉ

Arquivo Geral

21/08/2017 11h26

Entre 1908 e 1922, o Botafogo teve um atacante baixinho e de chute fraco. Mas era rápido, colocava-se muito bem em campo e marcava muitos gols. No entanto, ele não ligava para nada disso. Preferia ser reconhecido pela sua observâncias às regras do cavalheirismo, da lealdade, aprendido em seu tempo de garoto escoteiro.

Chamava-se Mimmi Sodré , isto é, Benjamin de Almeida Sodré, e jamais foi repreendido, nem de leve, por nenhum árbitro. Para ele, se usasse de algum recurso ilícito contra o adversário estaria traindo a si mesmo. Vamos para um exemplo no parágrafo abaixo.

No dia 18 de julho de 1916, a Seleção Brasileira enfrentava o Uruguai, amistosamente, em Montevideu, e o jogo estava duríssimo, sem gols marcados. Aos 22 minutos do segundo tempo, Mimi foi lançado em excelentes condições para abrir o placar. Venceu a marcação de um zagueiro e ficou só com o goleiro pela frente, em jogada aérea. Quando finalizou, a bola tocou em um dos seus braços, sem que o árbitro visse, e bateu na rede.

Imediatamente, Mimi levantou um dos braços, foi até o apitador e pediu-lhe que desconsiderasse o tento, contando-lhe o que havia ocorrido. Um dos companheiros virou-se para ele e exclamou: “Mimi, assim é demais!” Mas o gol foi validade e o Brasil venceu, por 1 x 0.

Para Mini Sodré, uma partida de futebol não deveria ter um árbitro, apenas os bandeirinhas, para observar as bolas saídas pelas laterais do campo. Defendia que, conhecedor das regras, o atleta não deveria burlá-la, mas informar os seus erros.

Nascido em Belém-PA, em 10 de abril de 1892, Mimi Sodré (viveu até até 22 de fevereiro de 1982) mudou-se para o Rio de Janeiro em busca de ingresso na Escola Naval. Foi o primeiro colocado nos exames e chegou a almirante. Como atleta, tornou-se um dos astros do primeiro título botafoguense de campeão carioca, em 1910, marcando 11 gols, em 12 jogos.

Mimi foi, também, o primeiro jogador do Botafogo a marcar um gol pela Seleção Brasileira, em 18 de julho de 1916, no amistoso contra o Uruguai, citado acima. Também, presidiu o Botafogo.

Certamente, se estivesse vivo, hoje, o “gentleman” Mimi Sodré ficaria horrorizado com o comportamento dos cartolas inescrupulosos e dos ateltas que simulam faltas, tentando enganar a arbitragem – e com um presidente da República abrindo sinal verde para suborno a um parlamentar preso por corrupção, a fim de que ele ficasse calado.

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