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Histórias da Bola
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Mineirão inaugurado

Arquivo Geral

19/10/2017 17h02

O torcedor do Clube Atlético Mineiro comemorou, gritou e profetizou que o gol marcado por Dario, aos 31 minutos da primeira rodada do Estadual-1970, seria o começo do título que não vinha depois de 1963. Desde que o Mineirão fora inaugurado – em 5 de setembro de 1965 –, o “Galo” jamais conquistara nada na casa. Assistia ao desfile de cinco títulos do rival Cruzeiro – 1965 e 1969 –, deixando-lhe sempre vice.

Ao final daquela rodada inicial do Estadual, a euforia atleticana parecia exagerada. Enquanto o seu time mandava 3 x 2 Valério – 27 de junho –, um dia depois a “Raposa” sapecava 5 x 2 Uberlândia, no mesmo gramado. Na rodada seguinte, os dois trocaram os adversários. Enquanto os atleticanos passavam apertados (1 x 0) pelo Uberlândia, o Cruzeiro (3 x 0) passeava diante do Valério. Mas o torcedor galense não abaixou a bola.

Veio a terceira rodada e o Atlético-MG goleou o Uberaba (4 x 0), enquanto a turma celeste sofreu (1 x 0) para derrubar o Flamengo, de Varginha. Melhor ainda nas duas rodadas seguintes. A “Raposa” empacou (0 x 0) no Atlético, de Três Corações, e foi mordida (1 x 2) pelo “Coelho”, o América-MG, enquanto o “Galo” cozinhava (4 x 0) o Flamengo-VG, e o Villa Nova, de Nova Lima (3 x 0).

Mas o Atlético-MG, também, escorregou – 0 x 1 Sport, de Juiz de Fora, para os cruzeirenses sorrirem (1 x 0) encarando o Uberaba. Mas estava bom, principalmente porque, dias depois, os alvinegros da capital mineira (4 x 0) trucidaram o Fluminense, de Araquari, e tripudiaram de Cruzeiro 2 x 2 Villa Nova.

Os cruzeirenses, porém, reagiram (5 x 0 ) em cima do Tupi, de Juiz de Fora, com Tostão marcando quatro tentos. Muito mais retumbante do que (2 x 0) a vitória do xará de BH sobre o xará da terra de Pelé.

Com o “Galo” espantando (1 x 0) o “Coelho” e o Flu de Araguari segurando (1 x 1) a “Raposa”, ficara tudo do jeito que o diabo gosta. A tabela classificatória pegou mais fogo com o Cruzeiro (5 x 0) escalpelando o Sport, após o Atlético-MG esfolar (3 x 0) o Tupi, na preliminar. Mas o melhor de tudo, para os atleticanos, rolou no 2 de agosto: 2 x 1 Cruzeiro, diante de 106 mil, 155 pagantes, com Dario marcando o gol da vitória, aos 40 minutos do segundo tempo. A torcida atleticana não tinha mais dúvida: 1970? Galo 2 x 1? Não seria mais um outro ano da “Raposa”.

Dada a largada para o segundo turno, o “Galo” seguiu mandando no terreiro – 2 x 0 Valério; 1 x 0 Uberlândia; 2×1 Uberaba; 3 x 1 Fla Varginha; 3 x 2 Villa Nova; 3 x 1 Sport; 1 x 0 Flu Araguari; 2 x 0 Atlético TC; 3 x 0 América-MG e 3 x 1 Tupi – até o clássico final com o “penta” celeste. Em 20 de setembro, com arbitragem de Jarbas de Castro Pedra, o Atlético-MG abriu o placar, aos 22 minutos, por Dario, para a festa começar – Zé Carlos e matou, aos 30, mas o 1 x 1 era suficiente para Minas ter um novo, campeão. Campeoníssimo! Em sua página de humor, o jornal “Diário da Tarde” escancarou o desenho de um galo discursando: “Declaro inaugurado, oficialmente, o Mineirão”.

O time do jog do título teve: Careca; Humberto Monteiro, Grapete, Vantuir e Cincunegui; Vanderlei e Oldair; Vaguinho, Laci, Dario e Tião. O Cruzeiro alinhou: Raul; Pedro Paulo, Brito, Fontana e Vanderlei; Piazza e Zé Carlos; Natal, Tostão, Dirceu Lopes e Hilton Oliveira.

Além dessa rapaziadacitada acima, o “Galo” teve mais um grande campeão: o teinador Telê Santana. Se Paulo Amaral, Fleitas Solich e Yustrich o deixaram por sete temporadas sonhado, Telê, vendo que a sua turma sabia até onde poderia chegar, deu-lhe liberdade de ação em campo, por entender que só um homem livre pode produzir.

Livre, a turma atleticana produziu 51 gols – levou 11 –, com Dario (16) sendo o grande “matador”. Até o “pé torto” Vanderlei Paiva (4) e o lateral uruguai Cincuneguia (1), há duias tempadas no clube, acertaramo apontaria. Aliás, de toda a rapaziada, só o goleiro Careca e os zagueiros Vantuir e Grapete não bateram na rede.

Telê Santana aproveitou a tempradas para lançar três crias da casa, os juvenis Pedrinho, Humberto Ramos e Romeu, que não quebraram a harmonia tática do time quando substituíram titulares. A juventude mesclava-seà experiência do veterano Oldair, de 31, o capitão do “barco”, que contava com o motor de explosão movido à Vaguinho. E com uma importante peça ofensiva, o ponteiro esquerdo Tião, o Tião “Cavadinha” dos tempos de Yustrich.

No preparo físico, a moçada foi trabalhada por Roberto Bastos, filho do goleiro lendário Kafunga. Ele usou o mesmo sistema usado pela Seleção Brasileira, na fase antes de ir ao México buscar a taça do tri. Enfim, do início a fim da temporada, o “Galo” correu a todo o vapor, sem problemas de contusões e jamais abrir o bico – 1970, o ano do “Galo”.

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