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Hélio Doyle

Mais uma concorrência é adiada pelo TCDF

Arquivo Geral

25/10/2016 7h00

Atualizada 24/10/2016 22h15

O Tribunal de Contas do Distrito Federal apontou 22 erros cometidos pelo governo como motivo para suspender a abertura dos envelopes das empresas interessadas na concessão do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, que seria hoje. Esse é o primeiro edital de concessão da gestão Rollemberg.
O corpo técnico do TCDF “identificou graves deficiências no planejamento, na concepção do projeto e na elaboração do instrumento convocatório”. O edital, diz o tribunal, “contém irregularidades sob todos os aspectos (jurídico formal, técnicos e econômicos) ”.
Quem determinou a suspensão foi o relator do processo, conselheiro Márcio Michel, que na Câmara Legislativa era conhecido como Doutor Michel.

Transparência no debate pode ajudar

Há quem diga, pedindo reserva, que a decisão é mais uma dificuldade criada pelo tribunal para atrapalhar o governo. A suspensão de concorrências e a demora em julgar os processos são tidas como manobras protelatórias e injustificadas do TCDF. Que, naturalmente, nega e aponta as irregularidades cometidas pelos responsáveis pelas licitações.
Seria interessante, para dirimir qualquer dúvida, que o debate entre o governo e o TCDF fosse público: quais dos 22 pontos o governo reconhece como erros seus e como se defende em relação aos que contesta. E, depois, quais as respostas do TCDF.
Aí ficará mais fácil ver quem tem razão.

O problema não é falta de pessoal

Da mesma forma que há quem demonstre que não faltam policiais em Brasília, há quem assegure que também não é preciso contratar pessoal para a área de saúde. Isso não quer dizer que não há setores, nas polícias e na saúde, que estejam carentes de pessoal. Mas são contratações pontuais, para suprir deficiências localizadas em algumas carreiras e situações específicas.
São análises polêmicas, que devem ser bem estudadas antes de serem tiradas conclusões definitivas.

Cada caso é um caso

Os que alegam não haver grandes carências dizem que o governo não faz estudos detalhados e acaba aceitando reivindicações que não refletem a realidade. Esses estudos não poderiam ser feitos pelas áreas envolvidas, que tendem a estar sempre pedindo mais contratações, mas em órgãos externos a elas, ouvindo especialistas em segurança e em saúde.
Em alguns setores, teria de haver contratações. Em outros, bastaria reorganizar as lotações, controlar as frequências de servidores, chamar de volta funcionários cedidos e fora de função e melhorar o funcionamento dos serviços.

A prática nem sempre confirma a teoria

A captação de eventos para Brasília tem sido uma justificativa para viagens ao exterior de secretários e outros dirigentes do governo. Há muita disputa, em todo o mundo,
por congressos, conferências, competições esportivas, espetáculos e atrações culturais. Eles trazem visitantes que gastam dinheiro, beneficiando os negócios e a arrecadação de impostos.
Em tese, está perfeito. Na prática, estaria se as viagens realmente tivessem uma boa margem de sucesso e efetivamente captassem os eventos. E se Brasília estivesse preparada para receber visitantes, que tivessem vontade de voltar algum dia e, ao retornar a suas cidades, fizessem uma promoção positiva para a capital.
Hoje, não acontece nem uma coisa nem outra.

Primeiro tem de arrumar a casa

Quando se vai receber um visitante, a primeira preocupação é arrumar a casa para que ele seja bem acolhido e se sinta confortável. Brasília recebe mal os turistas, pois está totalmente desarrumada, em todos os aspectos. Basta fazer os percursos que os turistas fazem, ou tentam fazer, para ver isso. A locomoção é difícil, motorizada ou não, os monumentos são malcuidados, os serviços são muito ruins, faltam informações, há museus fechados, teatro em obras, horários burocráticos para as atrações. A lista de problemas é imensa.

Ninguém sabe o custo-benefício

É bom que haja eventos na cidade, independentemente dos problemas. Mas não basta isso e ainda por cima os números que podem comprovar os benefícios trazidos ao mercado e ao governo nunca são claramente informados. Não se sabe, a não ser por chutes muitas vezes aceitos pela imprensa, quanto realmente de dinheiro entrou na cidade com o evento e quanto se gastou com ele, direta e indiretamente.
Geralmente, os beneficiados de verdade são apenas os organizadores.

Há coisas mais importantes a fazer

É boa a intenção da Câmara de Turismo e Hospitalidade da Fecomércio de realizar um concurso para escolher a marca e o slogan que representará a cidade – a “Marca Brasília”. Mas, além de não ser essa a prioridade para quem realmente deseja melhorar o turismo na capital federal, nunca se soube de uma só ação dos empresários de turismo de Brasília para promover a cidade no Brasil ou no exterior.
Onde vão usar a marca?

Marca e slogan não fazem milagres

Dizem as entidades ligadas ao turismo em Brasília que “a melhor forma de estimular o turismo de uma cidade é fortalecendo sua imagem e a autoestima da população”. Mas não é com marca e slogan que se consegue isso: é preparando a cidade para receber bem o visitante, em todos os aspectos, e envolvendo a população nesse esforço, mostrando a ela os benefícios reais que o turismo trará a todos.
Marca e slogan, por si sós, nada resolvem nem em termos de imagem nem de autoestima da população.

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