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Hélio Doyle

Agaciel poderia ser eleito sem apoio de Rollemberg

Arquivo Geral

19/12/2016 7h00

Atualizada 04/01/2017 11h41

A velha política atrapalhou o deputado distrital Agaciel Maia e o fez perder a oportunidade de ser presidente da Câmara Legislativa e se fortalecer para disputar uma cadeira no Senado ou na Câmara dos Deputados em 2018. Agaciel tinha tudo para se eleger, perdeu porque o governador Rodrigo Rollemberg resolveu não só apoiá-lo como investir pesadamente na candidatura dele.

Sem o apoio escancarado de Rollemberg, que mais uma vez raciocinou de acordo com as normas da velha política e de métodos que deveria ter eliminado, Agaciel teria muito mais chances de ser eleito. E o governador conseguiria o que queria sem se desgastar e sofrer uma derrota política.

A sorte de Joe Valle, o eleito, não se deveu só à inconstância do deputado Robério Negreiros, que mudou o voto, e à vitória nos critérios de desempate. A grande sorte de Joe foi não ter o apoio de Rollemberg. Se tivesse, não teria sido eleito.

A velha política, mal executada

O governador continua pagando pelo erro de, contrariando o que dizia na campanha, ter adotado os cânones da velha politicagem para governar. Tinha, ao ser eleito, todas as condições políticas para mudar a maneira de se relacionar com a Câmara e evitar o histórico toma lá dá cá que indevidamente norteia as relações entre os poderes Executivo e Legislativo, mas preferiu a acomodação preguiçosa à transformação renovadora. Rollemberg dizia, na campanha, que não estava sendo eleito para fazer “mais do mesmo”, mas para mudar. Só que está fazendo, como no processo da eleição na Câmara, o “menos do mesmo”. Manteve a velha política e o quadro ainda é pior porque nem ele nem seus assessores parecem ter competência para executá-la e obter resultados.

A vitória vale qualquer custo

Os manuais da velha política dizem que os chefes do Executivo devem interferir aberta e diretamente na escolha dos presidentes das casas legislativas, pois isso é fundamental para a governabilidade – a palavra que serve de pretexto para justificar o toma lá dá cá que tanto prejudica a população.

Para eleger um presidente do Legislativo, todos os métodos são considerados válidos: lotear irresponsavelmente o governo, distribuir cargos comissionados aos indicados pelos parlamentares, liberar emendas, aceitar pedidos legítimos e ilegítimos. Inúmeras vezes, há vários anos e por todo o país, até dinheiro vivo foi entregue a parlamentares para que votassem nos candidatos do Executivo.

Isso não aconteceu agora aqui em Brasília, mas o fato não deve causar nenhuma surpresa diante das práticas corruptas que a cada dia se revelam.

Governador perdeu duas vezes

Rollemberg, coerentemente com a linha que adotou desde que optou por Celina Leão em 2014, decidiu entrar direta e pessoalmente na campanha para eleger Agaciel Maia. Perdeu a eleição e a oportunidade de mostrar, ainda que tardiamente, que iria mudar os velhos métodos de governar e fazer política.

É verdade que é muito difícil mudar no meio do mandato, quando as práticas estão consolidadas e o governo se move ao ritmo de uma relação errada com a Câmara Legislativa e que, sob o ponto de vista republicano, é ruim para as duas partes. Mas se tivesse feito uma correta avaliação política da situação, Rollemberg teria adotado outro caminho para eleger um aliado para a presidência da Câmara. Teria grandes chances de sucesso e mostraria que as relações entre Executivo e Legislativo têm de se pautar pelo respeito e pelo diálogo, e não por métodos escusos que eternizam o fisiologismo e a corrupção.

Eleição pelas próprias forças

O governador poderia ter deixado a campanha por conta de Agaciel, que circula bem em todas as correntes políticas, é parlamentar hábil, bom negociador e teria inegável competência para comandar a Câmara. Sem a caracterização de candidato do governador transitaria melhor.

A folha corrida de Agaciel deveria, em tese, dificultar sua escolha, mas isso, por motivos óbvios, não incomoda a maioria dos distritais. Até os três deputados do PT, apesar da crise de credibilidade que assola o partido e da posição contrária da executiva regional, decidiram apoiar Agaciel Maia achando que com isso garantiriam a vice-presidência – o que não aconteceria, pois Ricardo Valle seria derrotado por pelo menos 15 a 9.

E não são os distritais que mandam os escrúpulos às favas. As nebulosidades de Agaciel também não causaram, como seria de se esperar, constrangimento ao governador.

Joe se coloca para 2018
Joe Valle venceu com o apoio de distritais que estão na base de apoio e que fazem oposição cerrada ao governo. Alguns da base sem muita convicção. Outros da oposição, mas sem exageros. A linha de seu mandato depende muito de como irá conciliar os diferentes interesses e posições dos que o elegeram.

Quem se empenhou na eleição de Joe foi Tadeu Filippelli, ex-vice-governador e hoje assessor de Michel Temer. A intenção óbvia era derrotar Rollemberg e colocar aliados dele em postos na mesa diretora. Não tem nenhum sentido, porém, dizer que a eleição de Joe Valle favorece a candidatura de Filippelli ao governo. Não há nenhuma relação de causa e efeito.
Dessa disputa, o único que sai bem posicionado para as eleições majoritárias em 2018, e assim mesmo se fizer uma boa gestão sob o ponto de vista do eleitorado, é Joe Valle.

Até 2017

Esta é a última coluna de 2016, voltaremos em 16 de janeiro de 2017. Espero que seja um ano melhor para a Humanidade e particularmente para os brasileiros. Boas festas de Natal e Ano-novo, dentro do possível.

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