Titular da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde do Ministério Público do DF, Jairo Bisol voltou ontem das férias. E já está preparando as notificações para os citados nos áudios, que, segundo a sindicalista Marli Rodrigues (Sindsaúde-DF), apontam para a existência de um esquema de distribuição de propina na Secretaria de Saúde do DF. “Até que se notifique a todos, devemos começar a ouvir o pessoal na semana que vem”, explicou o promotor, que disse ainda estar se inteirando das novidades.
Raphael Ribeiro/Cedoc
Páreo acirrado
A pasta do Trabalho e Desenvolvimento Social continuará com o PDT-DF, mesmo após o desembarque do deputado distrital Joe Valle. Três nomes da legenda têm apoio para ocupar a cadeira: o presidente regional, Georges Michel; o vice-presidente regional, Fábio Barcellos e; o segundo Tesoureiro, Guttemberg Gomes. Até a noite de ontem, o páreo estava acirrado e indefinido. Independentemente de quem ganhar, Valle volta em agosto para a posição de deputado distrital na Câmara Legislativa.
Samba
Carreata, serenata, panfletagem e até roda de samba. O PT montou um festival nacional de manifestações em defesa da continuidade do mandato da presidente afastada Dilma Rousseff. No dia 5 de agosto, o partido fará o “Samba da Resistência”, às 18h, em frente ao Palácio do Planalto. Segundo o presidente regional no DF, Roberto Policarpo, a legenda ainda não entregou os pontos e fará muito barulho nas ruas para conseguir apoio popular.
Resistência
O cronograma de protestos ainda é discutido e existe a possibilidade da montagem de um novo acampamento no DF no fim do mês de agosto, período da votação do processo no Senado. “É possível reverter a situação. Não há respaldo jurídico para o afastamento. Não se comprovou nada contra a presidenta. O que estamos vendo é um golpe parlamentar e não impeachment. Dilma tem o direito de voltar e concluir o mandato. Quem quiser ser presidente que dispute em 2018”, afirmou Policarpo. As esperanças do petista nascem das últimas pesquisas de opinião. “Na maioria delas, 70% das pessoas não querem Temer”, explicou.
Costas quentes
O governador do DF exonerou Caio Barbieri, da Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer; Valdeci Medeiros, da Vice-Governadoria; e Rafael Sampaio, da Secretaria de Segurança Pública e Paz Social. O que eles têm em comum? Os dois primeiros aparecem em áudios que tratam do suposto esquema de distribuição de propina na Secretaria de Saúde e o último foi à Câmara Legislativa oferecer apoio aos deputados distritais da CPI da Saúde para ajudar nas investigações sobre as denúncias. O subsecretário de Logística e Infraestrutura da Saúde, Marcello Nóbrega, permanece intacto no cargo. Um dos áudios que vazaram tratam justamente das costas quentes dele: seria figura de confiança da primeira-dama Márcia Rollemberg.
Amigas
No áudio da conversa entre Caio Barbieri, Marli Rodrigues e o ex-subsecretário de Logística e Infraestrutura da Saúde, Marco Júnior, dizem que a nomeação de Hellen Falcão para a Assessoria Jurídico Legislativo da Secretaria de Saúde está na conta da filha do governador, Gabriela Rollemberg, que também é advogada. As duas seriam bem amigas. Ao longo da conversa, em que detalham as ligações de servidores com o governador e a mulher dele, não voltam a tocar no nome de Hellen. Se Gabriela e a assessora jurídica são próximas, não sabemos, mas que são amigas, são. Pelo menos no Facebook.
Pressão salarial
Nos bastidores, o motivo da exoneração do delegado é claro: ele atrelou o esclarecimento da denúncia à pressão salarial da Polícia Civil do DF. Irritado, o governador Rodrigo Rollemberg resolveu assinar a demissão, em clara retaliação às declarações que ele deu à imprensa.
“Queima de arquivo”
A demissão de Caio Barbieri, que chegou a avisar ao então chefe – Sérgio Sampaio, secretário da Casa Civil – das denúncias que ouviu do ex-subsecretário de Saúde, Marco Júnior, caiu como uma bomba no Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do DF (Sindsaúde-DF). Para Marli Rodrigues, que fez as denúncias do suposto esquema de distribuição de propina no Governo do DF, o governador Rodrigo Rollemberg “tenta apagar provas e coagir testemunhas”. “Me lembrei da época de queima de arquivo”, diz ela. A retaliação é notória, na opinião da sindicalista. “Ficou bem claro quando ele disse que eu iria pagar muito caro”, lembra.
