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Coluna Marcelo Chaves
Coluna Marcelo Chaves

Bate-papo com Eduardo Rieche

Marcelo Chaves

26/06/2017 17h16

Tem novidade literária sob o comando do premiado ator e dramaturgo brasileiro, Eduardo Rieche, que já participou de 30 espetáculos profissionais, dirigidos por nomes como Domingos de Oliveira, Moacyr Góes, Enrique Diaz e João Fonseca, entre outros.

Em 2006, com o apoio da Funarte e Ministério da Cultura, ele foi o pesquisador responsável pela mostra “Yara Amaral por Ela Mesma”, sobre a talentosa atriz brasileira. E, agora, se lança como escritor com a biografia “Yara Amaral: A operária do teatro”.

O livro reconstrói a trajetória de Yara, uma das mais importantes e premiadas atrizes do Brasil, compondo também um passeio pela história da dramaturgia nacional e um dossiê sobre o naufrágio do Bateau Mouche, no Rio, acidente que tirou a vida da atriz.

Em um bate-papo com a coluna, Rieche fala sobre a obra. Confira:

Quando decidiu que iria iniciar um trabalho sobre Yara Amaral?
A ideia surgiu em 1998, quando o caso Bateau Mouche completou 10 anos. Comecei a perceber que o nome de Yara Amaral começava a cair no esquecimento, e que ela merecia uma homenagem à altura do seu talento.

Por que escolheu a Yara? Ela tem alguma influência na sua vida/carreira?
Escolhi Yara porque ela foi a grande responsável por despertar meu interesse pelo teatro. Como espectador, assisti aos seus últimos cinco espetáculos, todos eles encenados no Teatro dos Quatro, no Rio de Janeiro.

Você chegou a conhecê-la? Como era sua relação com ela?
Não, não cheguei a conhecê-la. Era uma relação de fã/espectador mesmo.

Quando você começou a obra e quanto tempo levou para ser concluída?
Realizei a primeira entrevista em 1999. O processo de pesquisa e escrita consumiu, ao todo, 17 anos. De um lado, esse tempo foi necessário porque me preocupei em entrevistar o maior número de pessoas e em apurar todas as informações, e preferi ser bastante criterioso a ter de realizar um trabalho de forma açodada. Em contrapartida, tudo foi feito de forma diletante – ou seja, era preciso ganhar dinheiro de outra forma, e nunca pude interromper minhas outras atividades para me dedicar exclusivamente ao livro.

Pode-se notar que a obra é rica em detalhes e informações. Como foi o processo de apuração? Foi muito difícil reunir todos os dados?
Além das 105 entrevistas, foram consultados os acervos dos principais jornais do país e instituições como a Biblioteca Nacional e a Funarte. Recuperei todas as entrevistas concedidas por Yara e todos os textos das peças que a atriz encenou. Paralelamente, fui levantando o acervo iconográfico. Creio que a maior complexidade tenha sido essa própria tentativa de “religar” os fios da história, apurar as diversas versões dos fatos, preencher as lacunas e aparar as arestas. Mas é preciso ter em mente que toda biografia será sempre uma aproximação. Como afirmo na introdução do livro, este trabalho é o resultado do que a própria história me permitiu fazer.

Pode contar um pouco sobre o livro?
O livro é a biografia de uma das mais importantes e premiadas atrizes brasileiras, cuja carreira foi desenvolvida entre as décadas de 1950 e 1980. O foco está nas trajetórias pessoal e profissional de Yara Amaral, sempre remetidas aos acontecimentos do país, ao desenvolvimento de nossa dramaturgia e ao panorama artístico de forma geral – é como se a história da atriz “costurasse” todos esses fatos, e ela assumisse abertamente tal protagonismo. Além disso, também achei relevante rememorar o caso Bateau Mouche (embarcação de turismo, que com problemas de manutenção e superlotação, naufragou no réveillon 1989, pouco antes de chegar à praia de Copacabana para o espetáculo dos fogos), que continua sendo um dos maiores símbolos da impunidade no Brasil.

A expectativa é que a biografia seja lançada em Brasília ainda este ano, a exemplo de Rio e São Paulo, onde ocorreram lançamentos no fim do ano passado.

Fotos de arquivo pessoal e reprodução

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